O país continua a ser dos mais desiguais na União Europeia, ainda assim, o índice de Gini atingiu o seu valor mais baixo desde 1994; período temporal que inclui o período de crise financeira de 2008.
O coeficiente de Gini mede o quão desigual é a distribuição de rendimentos entre as pessoas num determinado país e horizonte temporal, numa escala entre o mínimo de 0 e o máximo de 100; ou seja quanto mais baixo for o seu valor melhor se encontra o país relativamente à sua igualdade na distribuição de rendimentos. A queda do coeficiente começou em 2004 e agravou-se em 2009, fruto da crise financeira; tendo decrescido de 38,8 para 33,7 para em 2009 aumentar continuamente atingindo os 34.5 em 2013. A situação voltou a melhorar e o valor mínimo registado verificou-se em 2016 com um índice de 33.5. Neste contexto, torna-se importante esclarecer a diferença entre diminuição da pobreza – essencialmente calculada com base nas variações de rendimentos individuais – e a exclusão social em Portugal, isto é, deve ter-se em atenção que o eventual decréscimo da pobreza possa estar a ser escondida pela subida generalizada de rendimentos que ocorreu de 2015 para 2016, subiu de 5269 euros para 5442 euros (mediana do rendimento monetário líquido por adulto). A forma utilizada para colmatar a distorção causada pela estatística foi a introdução de indicadores como “privação material” medido, por exemplo, através da análise da incapacidade de pagar despesas atempadamente ou ter acesso a uma refeição de carne, peixe ou equivalente, de dois em dois dias; e conceito de “intensidade laboral per capita” considerada pelo INE “reduzida” quando “todas as pessoas com menos de 60 anos que, no período de referência do rendimento, viviam em agregados familiares em que a população adulta entre 18 e 59 anos (excluindo estudantes) trabalhou em média menos de 20% do tempo de trabalho possível”. Com base nestes novos critérios, O INE avança dados provisórios para 2017, que apontam para quase 2,4 milhões de pessoas em situação de “risco de pobreza ou exclusão social” em Portugal.
Fonte: Público