Somos os inimigos de nós próprios
Passados vinte e cinco anos depois, 15.000 cientistas de todo o mundo, entre os quais mais de 200 portugueses, voltaram a unir-se e a publicar um artigo na revista BioScience, enviando o segundo alerta à Humanidade de que estão a ser cometidos danos irreversíveis e substanciais na Terra. No início do artigo consegue-se ler “Os seres humanos e o mundo natural estão em colisão”. A Era Antropoceno define a época ambiental que o mundo atravessa. A expressão Antropoceno, atribuída ao Prémio Nobel Paul Crutzen foi proposta numa conferência em 2000 com latentes dúvidas acerca do começo desta época. O historiador Jurgen Renn, no entanto, garante que o importante não é descobrir o começo desta Era, mas sim a mudança de atitude dos humanos, que pouco se tem alterado “Temos de mudar de atitude. Não é tanto uma questão de se reconhecer formalmente o conceito (do Antropoceno), mas mais de lidarmos com ele”. A concentração de dióxido de carbono na atmosfera terrestre atingiu o valor recorde de 403 por milhão, os microplásticos no oceano ameaçam cada vez mais espécies e a população continua a aumentar, ditam os variados cientistas que construíram o artigo, fazendo jus aos 1700 que emitiram o primeiro alerta em 1992. Antes das questões ambientais ganharem destaque, era desconhecido ao público que o ser humano era o principal sujeito prejudicial ao Planeta. Agora que já se sabe, a continuidade prevalece e os cientistas afirmam “a nossa espécie está a deixar marcas na Terra”.
Fonte: BioScience