Tensão no Mediterrâneo Oriental

Ancara ameaça militarmente Nicósia se esta continuar a exploração das reservas de gás da região. Nicósia apela à calma. Erdoğan desafia ainda Washington devido ao apoio dado às milícias curdas.

Tayyip Erdoğan, presidente da Turquia, ameaça avançar com intervenção militar às tropas americanas na Síria devido ao apoio dado às milícias curdas e também lançar uma nova ofensiva militar contra o Chipre, devido à exploração das reservas de gás que, apesar de estar na Zona Económica Exclusiva do Chipre, Turquia reclama como sua, justificando o facto do mar Egeu e do Chipre estarem na zona de influência de Ancara.

As explorações de gás conduzidas na ZEE pela República de Chipre, apesar de exercee a sua autoridade sobre 63% do território do país, estão na origem de um novo período de tensão com o Governo turco, que exige a sua suspensão enquanto não for encontrada solução para a divisão da ilha. O Presidente cipriota Nikos Anastasiades, reeleito no passado dia 4 de fevereiro, comprometeu-se em pôr fim à divisão da ilha. Anastasiades afirmou que "É com tristeza que assistimos às ultimas ações da Turquia. No que diz respeito ao governo cipriota, temos tentado de todas as formas possíveis preservar a calma, evitar uma outra crise e implementar medidas diplomáticas que garantam o respeito pelos direitos soberanos da República de Chipre". Acrescentou ainda Ancara de violar “o direito internacional”, com o bloqueio do navio da ENI, na passada semana.

Por outro lado, Mevlüt Çavuşoğlu, Ministro dos Negócios Estrangeiros turco afirmou em comunicado "Apesar de todos os nossos alertas, a administração cipriota-grega prossegue unilateralmente com as suas atividades. Trata-se de um incumprimento dos direitos inalienáveis do povo cipriota-turco. Esta atitude é irresponsável uma vez que coloca em causa a segurança e estabilidade da região do Mediterrâneo Oriental". A Comissão Europeia apenas apelou à calma na região.

Em 2017, a ExxonMobil e a Qatar Petroleum assinaram um contrato de licença com Nicósia para explorar o bloco 10, situado perto do campo de gás natural egípcio 'Zohr', onde foram descobertas imensas reservas de gás.

O Chipre encontra-se dividido desde 1974, quando as tropas turcas invadiram 37% da ilha a norte em reação a um fracassado golpe de Estado ultranacionalista que pretendia a união da ilha à Grécia. Desde então, a ilha ficou dividida a norte pela República Turca de Chipre do Norte, apenas reconhecida pela Turquia, e a centro e sul pela República do Chipre, predominantemente grega. Ainda hoje, cerca de 40.000 soldados turcos permanecem estacionados na autoproclamada República Turca de Chipre do Norte.

Este período de tensão acentuou-se com a marinha turca a bloquear a passagem de um navio do gigante da energia ENI, que se dirigia, com a autorização do governo cipriota, para o bloco 3 da ZEE cipriota para iniciar a exploração de gás natural.

Fontes: RTP | EuroNews | Diário de Notícias | Notícias ao Minuto | FamaGusta Gazette

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