Hoje apesar de se vender menos vinho, vende-se mais caro
Passados trezentos e quarenta anos da primeira exportação oficial registada na alfândega, Portugal torna-se o mais importante mercado mundial de vinho do porto. Desde a altura do Tratado de Methueen que Portugal tem mantido relações comerciais com o mercado britânico, com destaque para a exportação de vinho do Porto. Contudo, em 1963 os franceses assumiram a liderança no mercado importador de vinhos.
Apesar de os franceses serem os principais clientes em quantidade, com 26,2 milhões de garrafas compradas contra 16,9 milhões de garrafas vendidas no mercado nacional o volume de compra e venda realizado em Portugal chegou aos 73,7 milhões de euros, cerca de 800 mil euros mais do que as vendas para o mercado francês.
Entre as principais causas para o facto de Portugal ser hoje considerado o principal mercado de vinho do Porto são de destacar, em primeiro lugar, o turismo. O turismo explica o volume de compra e venda deste produto em Portugal, visto que os turistas contribuem com um elevado valor para a aquisição deste produto no país, sendo um dos principais focos de negócio interno, Lisboa, segundo afirma António Filipe, diretor geral do grupo Symington, “também em Lisboa se regista um aumento das vendas” para além do Porto e Gaia.
É de salientar que há uma procura condicionada pela qualidade dos vinhos do Porto, estando as categorias superiores a determinar os preços e a sua recetividade. Portugal pratica preços na ordem dos 5,8 euros por litro (acima do preço médio global), estando a França atrás com um preço de 3,70 por litro. Os EUA e o Canadá praticam preços acima da média global, na ordem dos 9 euros por litro. É o perfil de elevada qualidade do vinho aliado ao preço (ligeiramente acima do preço médio global) e substancialmente abaixo dos preços praticados no continente americano que tornam o mercado de vinhos português bastante atrativo e competitivo.
Portugal é hoje o segundo mercado do vinho do Porto em volume (atrás da França), sendo o preço um fator que fez com que em 2017 o negócio tivesse crescido cerca de 2,6%, concentrando-se na ordem dos 380,2milhões de euros. Em 2008, o mercado mundial do vinho de Porto andava na ordem dos 118 milhões de garrafas, tendo-se reduzido para 101 milhões no ano passado. Em 2017, as vendas pouco cresceram, mas as receitas aumentaram 22% para 162 milhões de euros.
Como sinal de mudança no mercado mundial do setor, salienta-se o desempenho da categoria, não “Vintage”, mas “mais de 40 anos”, tendo-se vendido no ano passado 85. 464 garrafas, tendo cada garrafa sido vendida a cerca de 68,5 euros (preço médio).
Para os próximos anos, a grande aposta no setor passará por apostar nas categorias especiais, estando o stock de vinhos velhos garantidos, bem como a aquisição de companhias de menor dimensão, mas com stocks valiosos de vinhos velhos. Resta a luta contra a queda de vendas de mercado relevantes, como o de França, Holanda ou Bélgica que exige, claramente, outra atitude para que o nosso mercado de vinho do Porto ainda consiga afirmar-se mais e melhor.
Fonte: Público